13/01/2010

= O DRAMA do FORTES =



















Sinto a fragilidae de quem encarou a vida de frene e perdeu.
De quem elevou tantas bandeiras
e não se encontra mais.
Acreditei no espírito
Descobri que era carne
Eu, matéria não soube a oração exata
Aquela que desperta os deuses e amansa os demônios
Quer saber?
Os demônios me abandonaram
à sorte dos santos
que de tanto sofrerem
Como, eu, estão mortos pra esta vida...
Ainda me restaria um sorriso
se houvesse verdade
No brilho dos olhos.
O castigo dos fortes
é nunca ter onde pousar a cabeça
O drama dos fortes
é acercarem-se de frágeis ombros.
O crime dos valentes
é irem sempre em frente
sem guardar o caminho de volta.

Não importa o quanto de perdão distribuimos
Se não guardamos nenhum para nós mesmos.
Se o reino dos céus é dos justos, está explicado:
Ele é azul, distante e inexistente...

01 de abril, 2006

Sem Título 1


De certo perdi a paz
Não é certo que ganhei um amor.
Possivelmente esteja fascinada...
Meu demônio mediz:
- Que bom!
O meu anjo me fla:
- Que nada!

Faz tempo meu coração secou
Minha alma buscava, incerta
insegura, triste, penada!
Sempre vivi bem
com o coração seco
Sempre virei-me bem
com a minha alma penada
Minha mente concorda,
discorda, antenada
Faz acordos,
alia,
negocia,
aninha,
articula
Minha mente
não fica sozinha,
Seu pecado:A gula
gula de ser, de conhecer, de saber
Troca as idéias que o coração nega
Troca palavras que a alma descarta
Acredita no deus que peca
contra o coração
Acredita no deus que a alma perdeu
Por crer num louco e desvairado deus
Levou alma e coração pro abismo
dos braços seus...

julho, 2006

Poema do Orkut


Mensagem de corrente,
Gosto não gosto, depende.
Aquela foi legal...
Cuidar bem do nosso amor...
Seja quem for
Tem que ter amor pra cuidar
Tem que gostar pra cuidar
Tem que gostar de cuidar
Mas tem que amar!
E tem que saber que ama no momento que se ama...
Se não, não há cuidado.

Curitiba é fria?
Rio de Janeiro é quente?
Em curitiba é frio?
No Rio de Janeiro faz calor?
Curitiba é arrumadinha,
Rio de Janeiro é largadão?
Sei não...
Sei que a gente vive
calor,
frio
arrepio
Ondas de felicidades
Brisas de tristezas
Cidades são apenas cidades
Mas pessoas precisam ser gente.
Arrumada, despojada,
elegante,destoante,
combinada, volátil, permanente
Vamos dando um jeitinho
de ser permanentemente,
GENTE!
04/03/2006

26/07/2008

=SEM TÍTULO = 1

Dentro do que posso farei todo o impossível.
Dou o meu sangue,
Mas quero meu coração
Dou minha vida,
Mas quero a minha alma
Dou meus nervos,
Mas quero minhas idéias
Não quero mais ser irrestrita,
Pago o preço,
Mas levo a mercadoria
05/06/1994
Eu não quero ombros fortes
Que sustentem o peso da minha cabeça.
Eu não vagarei mais em busca do carinho
Que a vida me negou.
Cansei de ser carente
Cansei de seguir
Mas não quero acalentar ninguém
Nem quero pessoas a me seguir

05/06/1994
Marcia Vicente

A LUTA

Você está dormindo.
Seus sonhos não habito.
Hoje não fui te buscar.
Deixei seu espírito em paz.
Morro nessa guerra surda, suja
De não te encontrar nunca,
do jeito que é preciso.
Prisioneiro de delírios,
Te vejo amordaçada,
Sem que eu nada possa fazer.
Exilada de corpo, tenho às mãos
a luta desarmada do querer,
E isto é pouco, muito pouco.

24/11/1994
Carlos Paez

TANTO FAZ

Morrer, estar vivo, tanto faz
A gente nunca faz o que quer
Nunca se pode ser o que é.
Aqui pode-se escolher
Lá somente recolher

24/11/1994

ALMA

Deixa a minha mente em paz, alma !
Deixa meu corpo livre.
Por ser prisioneira de músculos e tendões,
Não me aprisione às suas paixões.
Deixe-me respirar
Não me faça pensar
Esses pensamentos que não constroem...

24/11/1994
Carlos Paez

UM SER

Dentro de mim existe um ser.
Um outro ser que ora se agita,
ora estremece, pouco se cala
e até seu silêncio exala palavras.
É um santo que chora ,
É um demônio que ri,
De mim debocha.
É uma criatura sem senhor.

Dentro de mim habita um ser vivente ,
Uma alma que tem carne e rói ossos
Um diabo que ri de mim.
Ele tudo sabe
Ele tudo vê,
Ele a todos ama.
Ora me odeia e faz pouco, quer mais
Nada pede tudo exige.
Ele se alegra com as loucuras inúteis
Ele se enamora por qualquer bobagem.
Ele se mexe, ele não dorme, não me deixa dormir
É um ser, uma criatura, um demônio, uma anjo
Faz parte do Deus que carrego dentro de mim
(24/11/1994)

DEPOIS

Depois, depois pode não haver nada
Pode acontecer tudo
Pode ser que não exista depois
Pode ser que a terra gele
Pode ser que o coração mele
Depois pode ter vazio,
Pode ter arrependimento
Depois pode – se não fazer
O que deveria ter sido feito antes
Depois pode dar errado
Depois pode dar certo
Fazer depois, na fazer...
Depois é um antes que não deu certo...
16/11/1994

ANTES

Correr, correr muito
Chegar à alegria
Antes que o drama comece
Antes que o êxtase acabe
Ser, antes do dissolver da matéria
Antes que se modifique a essência
Nadar antes que a fragata afunde.
Antes nadar por prazer que se mover por desespero
Viver antes que a vida acabe,
Pois que entre cada corrida, obrigados somos a parar.
Correr, correr então pra quê?
16/11/1994

Matinal

É tão bonito ver a madrugada e seus humanos apressados
A umidade das horas
a úmida humanidade em seus olhos inchados.
Os seus fantasmas que se recolhem
Seus pesadelos que adormecem.
O calafrio do despertar
Esse momento mágico de timidez.
De claridade atirada e pálidas estrelas,
Um duelo de luz posto que,
a escuridão se retira vencida e cabisbaixa
É sereno o despertar do dia
porque úmidos de orvalho, os corações sedentos
À vida que se impõe são desatentos.

Humberto Senna
26/05/1994

Lápide

De amor vivemos a vida inteira para entender e quando entendemos estamos gastos de mais para que alguém nos ame.
Vida madrasta!
O mundo não envelhece e assimila todos os conhecimentos que alcançamos e o brinde que levamos – uma placa de mármore na qual não podemos escrever nossas próprias idéias.
Somos o que podemos dentro do que nos julgam e morremos com idéias alheias pesando num esqueleto que precisamos abandonar . E tudo o que fomos de real serve para dar vida a plantas mudas.
Conclusão: a palavra é um erro



02/12/1994
Claude Saint Laurent

SEM TÍTULO

Eu tenho inveja dos que se foram.
Pelo menos eles estão nalguma parte que me é desconhecida.
Eles, daqui já sabem, têm a vantagem dos que não têm mais que viver.
Acordar todos os dias é tão chato.
Ter dias e noites,
sóis e luas para nos reger é tão monótono...
E aqui nem se pode voar....

24-25/11/1994

O Piano

Sabe? O corpo me atrapalha.
Pesa-me ter de carrega-lo.
Me asfixia.
Parece uma gaiola,
parece uma cela minúscula,
apertada, sem ar.
O cérebro parece demasiado pequeno
para abrigar informações que estão
em alguma parte de mim, no entanto ele,
limitado não tem espaço para descobri-las.

Eu sei muita coisa que não posso dizer
não as digo porque as palavras não exprimem.
Parece que existe outro alguém
morando dentro de mim que não encontra
local por onde sair, exprimir, se expor.
É como estar diante de um piano,
com a melodia na mente e não poder toca–lo,
O som não abrange a melodia,
o instrumento não é apropriado.
Ele é o único disponível,
carrega-se este enorme fardo por onde se vai...
Largar o piano? Nunca!
Ele é a derradeira possibilidade de vir a se compor a melodia.
Ele é a esperança de que um dia a música se faça ouvir.
O piano só poderá ser abandonado quando substituído por outro instrumento.
Como identificar-me-ão?
Como saberão que pretendo compor,
manter esse cérebro até que ele se abra,
até que se encontre porta,
a saída por onde escoe
o que vive vivo, acordado,
trancado aqui dentro.

24-25/11/1994

06/07/2008

INSÔNIA FUMANTE


Acordada há 1 cigarro e meio penso...
O que faz o não fumante quando acorda no meio da madrugada abandonado pelo sono? Como ele conta o tempo de insônia se não tiver na cabeceira um relógio?
Pobres não fumantes! Entregues à agonia e à incerteza de não saber que horas são... Tudo para ter um morte tranquila com os pulmões limpos...
Coisa saudável esta!

E como o sono não vem, não tem jeito a curiosidade de saber quantas horas tem, uma sede desértica que não sei se é na mente ou na garganta.
Como qualquer não fumante babaca, vou até a cozinha, olho o relógio e descubro que são 4:30... Então acendo um cigarro.

VIVIR

Já dizia o meu poeta
"tem dias que a gente se sente
como quem partiu ou morreu"...
Eu não queria ser assim
essa pessoa do jeito que sou
assim... Entende?
Tão educadinha.
Como eu queria
saber mandar o mundo se danar!
Eu não ficaria assim, desse jeito assim entende?
Rindo por fora, triste por dentro
Sofrendo no meio
Como um bolo,
um pão, um recheio...
-*-
Acho chato saber tudo
Então digo que não sei
Sai no prejuízo quem entende tudo
Então finjo que não entendo
Não sei contrariar
Então não argumento...
-*-
As pessoas falam
Mas não é pra ouvir sua opinião
É so pra serem ouvidas
Então eu só escuto...

Se não quer saber o que pensa
Não me pergunte
pois, eu também não pergunto

Chico, não parti, nem morri
Reparti e vivi
Tempo demais pra chorar
Tempo de menos pra tudo que ainda tenho
que vivir...

E por falar em vivir
Tenho saudade da minha amiga espanhola
Espanha não fica na Europa?
Por que ela não parece européia?

24/06/2008

CAPÍTULO 1 - Chocolate e Manjar


Elas se conheceram e foi se não um incêndio uma chama, uma fagulha,uma faísca. Vamos chamar uma de chocolate e a outra de manjar. Chocolate era um corpo que apenas servia de suporte pra uma cabeça. Não se podia ao certo dizer em que mundo vivia. Nunca escolheu seus amores levando em consideração o tipo físico, de todo um corpo somente enxergava o rosto, os olhos e a voz. Esses eram seus pré-requisitos. De manjar nada se pode dizer, ela não tinha uma passado tão claro. Quem me conta a história é Chocolate. Esta é uma história em flash back como se fosse uma apresentação num tribunal. Sim, teremos um culpado e um inocente ou talvez todos culpados, o mundo é uma versão macro do carandiru, que deus o tenha!

Chocolate foi a uma cartomante indicada por uma colega de trabalho, depois de sair do serviço a meia-noite, enfiou-se numa boate na Barra e como de costume dançou até a hora de ir embora. Roupa molhada grudada no corpo, cabeça ligeiramente tonta, se enfia num 755 e volta pra casa. Não dorme, toma banho e vai pra cartomante agendada pela amiga, na Rua da Abolição. O que dseja saber? Nem ela sabe. A vida anda chata e ela idem. A cartomante tem um filho autista que se recusa a usar roupas, segundo a mãe ele rechaça todo e qualquer estranho e ainda segundo ela, estranho é quelaquer um que não seja ele mesmo e sua mãe. No entanto,interage com chocolate.Os dosi se dão bem e chocolate tem uma visão: dois pés empoeirados, calçando sandálias antigas como as que usavam os gladiadores romanos. Uma poeira fina e amarelada e barulho de ropel de cavalos. Sim, uma visão com sonoplastia. Quem sabe ecos da noite mal dormida e muio bem dançada?

A cartomante não lamenta muito em informar que chocolate está um horror. Eneria em baixa, aparencia descuidada, protetores, guias, orixás, anjos da guarda, todos em falta, carentes, abandonados e abandonando-a: Não arrajará nenhum namorado até que organize essa extrema bagunça de auto-estima e espirito atormentado!

Do outro lado da mesa, chocolate franze a testa, junta as sombrancelhas e lamenta pela cartomante, mas não é assim que se sente. Puxa tinha caprichado tanto no visual que pelas observações da cartomante estariam se assemelhando a trapos e farrapos. Chocolate gostava de fazer umas mistura meio loucas no visual, esta feliz com seu jeans agarradinho, camiseta de alça e por cima disso tudo uma especie de colete de veus finos e tingidos de muitas cores em degrade. Uma peça meio indescritivel, comprada na barraca de uma cigana na Praça VV. Esta um pouco abatida sim, mas provavelmente pela noite mal dormida, porem muito bem dançada! Não se sentia infeliz e se estava infeliz, não havia se dado conta. Toca o celular, chocolate atende. Sua amiga preta e esporrenta aos berros no meio de uma batucada lhe chama: -"Vem pra cá, escuta só!" e se ouvia uma zuada que tanto poderia ser uma feira, como uma festa ou ainda a 3ª guerra mundial.
-"Ouviu? Vem pra cá! O pagode tá bom pra c...alho"
-ahn, não posso falar agora, to numa parada aqui... É que eu esqueci de desligar... Pede desculpas a cartomante, a amiga e desliga o pretensioso 1º modelo motorola movie star amigo. Era o ano de 1999, mes de janeiro.

Saiu do ap da cartomante com uma certa ressaca que não sentiu na saída da boate algumas horas antes.Algo não fazia sentido. Ela não fazia o menor sentido. Chocolate era assim, se importava com bem poucas grandes coisas e criava altos casos com coisinhas de nada. Fazia sol e ela agora sabia que morreria sozinha se dependesse da aquela cartomante. De fundamental ela tinha tido uma visão de pés antigos empoeirados e de sandálias e o menino autista, com defeito nos pés e nhuma roupa tinha sorrido pra ela e ela lhe feito muito carinho. A rua estava confusa e barulhenta e chococalte lembrouse da amiga, do telefone e ligou:
-Oi, preta! Que que foi?
-"Vem pra cá porra! É aniversario do meu irmão, o churrasco tá no ponto e o pagode ta animado!"
-Vou não. Tô com sono
-Ca...lho, você trabalha pra caralho e não quer vir amoçar com a gente, se divertir? Koé!
-tá bom vou pensando no onibus.

Não tinha vontade de pensar. Não sabia onde passava o ônibus. Chocolate era assim: lugares barulhentos e desconhecidos a deixavam confusa ou talvez um pouco mais confusa do que o habitual. Não gostava de tumulto, tinha um certo receio de multidão, mas pior de tudo, não tinha memória ne senso de localização. Precisava ir muitas vezes em lugar até que aprendesse com segurança o momento certo de puxar a capainha do ônibus e pra voltar precisava de muitas visitas até que dispensasse a banca do jornaleiro na qual pedia informação.

Não pense mal de chocolate, ela é a heroína da história, longe de possuir algum tipo de retardo mental, ela era inteligente e perspicaz, só tinha um mundo particular e não dominava o idioma local...

11/06/2008

SANIDADE

Algumas vezes teme-se a proximidade de uma ausência
Algumas vezes teme-se a distância de uma presença
Quem é o verdadeiro covarde?
Aquele que se apraz em sentir a própria alma arder?
Aquele que diz não saber?
Aquele que apenas sabe sem dizer,
pois que assim tinha que ser?

Algumas coisas são como são.
Elas sempre deveriam ter sido,
Se humanamente não se desvirtuassem
Em medos, sonhos, silêncios, traições
Regras próprias de um estatuto,
prazeres, olhos, bocas, satisfações
Tudo implicitamente descrito, não escrito
pelo lido, mas pelo sentido....

Aos tímidos a distância muitas vezes apraz
Aos tímidos a presença muitas vezes inibe e constrange
Aos tímidos quase nada,nem mesmo um pouco de paz
Alguns assim são:
Um lapso de tempo
Entre a chegada do corpo
e a triunfal entrada da alma
Nos lugares e mentes,
Nos sorrisos e corações

Alguns são assim: Loucos!
Loucos permanecerão até que internados sejam
Loucos continuarão ainda que internados e distantes.
Mesmo sãos, eternamente serão loucos,
Que não se contentaram em viver
uma única vida, numa vida só

Fim deste ato

28/05/2008

=E-MAIL da SEMANA=



O dia nublado deprime.
Há tempos li nalgum lugar que a penumbra deixa as mulheres melancólicas.
É preciso abrir as janelas e deixar a luz entrar para combater a deprê.
Mas se você abre a janela e dá de cara com um tempo desses, faz o que?
A ( )Corre pro banheiro e corta os pulsos?
B ( )Aproveita a proximidade e se joga pela mesma janela?

Não! Pessoas como nós não se matarão jamais, penso até que jamais morreremos. Somos o tipo de pessoas inesquecíveis, por um motivo ou outro, se é que me entende...
A gente ri e isso resolve, apaga o incêndio e a vida segue.

A atitude não mudaria se do outro lado da vidraça estivesse um tremendo dia de sol... Tô que nem minha avó,quero é bufar, suspirar dar muxoxos!

Dormi com inveja do gato, dono de uma preguiça que lhe cai tão bem e a gente acha bonito. Ai, porque não podemos ter preguiça e ficar bem na foto? Por que só os gatos? Por que só os baianos? Pra ter preguiça precisamos ser gatos e/ ou baianos, pra sermos "show" temos que ser magros, pra tudo ficar melhor temos que aparecer na Globo? Como alguém pode ser 100% feliz fazendo dieta, tendo tantas preocupações e impedido de ter preguiça. Imagem é algo concreto demais para apenas imagem...

Estou numa boa fase ruim! Daquelas quando tudo está bem, mas gostaria de não conviver comigo mesma.
Estou no período que não estou me agüentando e não sei se rezo pra entrar na menopausa ou aproveito minhas últimas ebulições hormonais... E por que diabos tínhamos que ter hormônios? Hormônios e neurônios são apenas rimas, não combinam e no meu caso, impraticáveis...
Ainda assim sei que a semana será boa e plena. O mundo é só uma penca de coitados, eles estão uns ao lado dos outros, uns por cima dos outros, uns em frente aos outros e nenhum deles têm preparo para nos entender, o que não faz de nós coitadas, mas tadinho do restante da humanidade...

26/05/2008

=ASSOMBRO=



Esses olhos gigantes, escuros, sofridos
contam-me o que é dor.
Vasculho minha carteira
Encontro nela uma foto
Não encontro dor nos meus olhos
Por mais forte que ela me venha
jamais trazer-me-á o brilho-mártir
que tem o seu olhar
Minha infância não foi boa
queixas como as suas não tenho
Boa ou má ela existiu, fui criança um dia
Tive você
Ela resiste em mim
Um ar jovem e macerado...
Nunca o percebi quando em carne e osso
Onde conseguiu este olhar súplice,
Essa face corada, porém santa
Que as imagens de santos não possuem?

24/11/92

=CURUMIM=


Eu te amei tanto
De riso e pranto
Que de tanto amor
Olhei e não te achei
A vida,
O céu
O dia
As estrelas,
a lua
O sol e seu amanhecer,
Frio e calor,
Eram teu nome.
Mas você curumim,
só brincava
Com os astros,
com a vida
Comigo
18/07/1992

PREDESTINAÇÃO

Como se faz aquele poema que todo mundo admira?
Que vira pagode, samba-canção, seresta, bolero?
E todo mundo dança.
Ainda não nasceu a simples e complexa poesia,
A que acompanha os tempos
Aquela que cresce com todos
Que traz saudade e faz chorar
Não quis Deus que fosse eu, original?

II

EU FUI DÓCIL DEMAIS
OBEDECI À MAMÃE
RESPEITEI OS MAIS VELHOS
AS TRAVESSURAS NUNCA FORAM MALDADES
NUNCA FORAM GRANDES DEMAIS,
MIINHA AMBIÇÃO TAMBÉM NÃO

14/07/1992

17/05/2008

= Amor Novo =




Confesso que às vezes sinto um terrível cansaço de ser amada apenas na teoria... A vivência de amar é tão diferente quanto é exclusiva cada alma.

O sabor do meu amor residia na persistência e esperança, agora impregnou-se no prazer da sua realização.
Sim, na prática não sou feliz todos os dias, mas em tese sei que você me ama e mostra isso sendo fiel e fazendo por mim um pouco ou muito mais do fazia por outros.

Então há um prazer feliz nos momentos em que nos encontramos e um tom divertido nas vezes que nos esbarramos e uma serenidade quando estamos próximas e surge toda uma amargura quando você está e não se importa.

Às vezes parece que sou o objeto indispensável ao seu prazer, o ingresso do seu lazer. às vezes me parece que nunca mais terei o que dizer.

Esse amor nosso de escola, premiações, castigos, honras, glórias, sustos, anseios e medos. Eterna expectativa de aluno que não imagina a nota que alcançou.

Eu tenho medo que pensando, observando e vivendo eu esteja mais uma vez crescendo e um dia não mais nos reconheçamos. Eu não sei se há uma peça perdida no nosso quebra-cabeças ou se está ele pronto e completo sem que saibamos o que fazer agora...
Há dias que olho no espelho e vejo nele a mesma imagem de sempre com uma alma diferente. Às vezes me estranho, tagarela que sempre fui, calada.

Algo me diz que você é a última pessoa da minha vida mesmo que não seja definitiva. E tenho medo de não reconhecer a hora de ir, porque pensei que jamais tivesse que dizer adeus.

Dos amores que vivi, você é o mais complicado, o menos delicado, o que me deu mais sorrisos, o que eu gostei de encantar. Dos amores que tive, você é aquele que não sei o que fazer. Conheço em imagem, não reconheço em gestos. Vejo em sonhos não enxergo em atos. Vive nos sorrisos e me faz chorar mansa e calmamente...
Dormíamos zangados e acordávamos esquecidos. Parece que as brigas estão aumentando em conseqüência e diminuindo em duração. Ficamos cada vez mais tempo tristes ou chateadas.
Não entendo o mal-humor pra mim e a alegria para os amigos e se entendo não aceito. Descubro que para isso existe o ciúme, para evitar que o amado faça com freqüência o que não gostamos. O ciumento, vejam só, é muito mais respeitado! Pode não impedir que se faça, mas é impedido de saber o que não gostaria.

Eu tenho vontade de pedir de volta todas as coisas boas que fiz por você, quem sabe assim, você me dá mais atenção...
Eu tenho vontade de fazer cara de durão e demonstrar que não estou nem aí pra você. Queria te ver sofrer de verdade somente por eu não estar, mas eu não tenho coragem de ir.

15/05/2008

=MULHER BOMBA=


=TEU CHEIRO=

O cheiro é tudo!

Aproxima ou afasta

É up ou delete!

A mais rica das heranças ancestrais.

E o teu cheiro me chama, me atrai, me incendeia!

Eruditamente,

sinto-te e o teu cheiro,

chama-me, atrai-me, incendeia-me!

O cheiro dos seus cabelos é bom demais

não importa o xampu!

O cheiro da tua pele...

Reconhecê-lo-ia

estivesse eu onde estivesse,

Estivesses tu onde pudesses estar,

Se puder eu, senti-lo,

Sei que és tu quem virás!

Te descubro entre milhões de outros seres,

vindo teu aroma até mim...

E ao senti-lo todos os sentidos acordam

e todos os seus odores me sacodem

e todos os pensamentos se chocam,

se batem, se desvanecem e apagam-se,

neste momento só quero

que o teu cheiro me leve ao tato,

à visão de olhos fechados,

ao sabor que o teu cheiro tem,

ao gosto que o teu cheiro dá,

aos sussurros em meus ouvidos,

ao prazer de ter você e te fazer minha!

13/12/2007

13/05/2008

=UNO=




















Ah, o meu amor...

O meu amor é de melação,
de grude, de mão na mão.
O meu amor é de achar linda,

De encontrar predicados,
predicativos, adjetivos.
O meu amor é de priorizar,
Colar,
Deitar a falar,
Deitar e falar,
Amar falando.
De lembrar a toda hora
como amo, o quanto sou amada.

O meu amor é para princesas,
Jamais amei plebéia
Jamais amei a feia
Elas deixam de existir quando amadas
Porque o meu amor é de revigorar,
Restaurar,
Aumentar,
Incentivar

Quando amo,
estou na arquibancada
Gritando e torcendo,
suando e amando
Não faço por ela,
mas sei tudo o que pode fazer
E torço como fanático!
Loucamente,
como se fosse botafoguense
Eles, sim, sabem torcer...
Torcer por amar, por amor...
Viver
O resultado é só uma consequencia
ilógica de um acaso dominante.

O meu amor é de estar junto
Não precisa casar
Mas estar junto,
estar perto,
ser íntimo.

O meu amor não tem etiqueta
Quebra as regras,
amassa a receita
Mas não é um amor mal-educado...
Não é possesivo,
Não é voraz
Nem faminto

O meu amor
Tem fome de idéias e companhia,
Na mesma proporção do sexo e prazer

O meu amor é tarado,
Quer entrar em cada cantinho do ser amado...
Entrar, fazer parte, invadir e só.

Meu amor não se divide
Não se reparte
Fiel como novo cristão
Só se doa pra um.
Tem prazer em dar,
Só se completa doando
E dando-se, completa-se
E dando-se, aprende,
Assimila mais e mais
a arte de mais e mais amar
=Glória, 15-11-2004=

=TEM QUE SER=

Você não vê
E quando vê não entende
O quanto e como eu amo você.
Você desconfia,
não me acredita
Eu só posso te provar
te provando
Te degustando,
Me vivendo.
E pra viver tem que ter sabor
Tem que ser inteiro,
Tem que ser intenso.

=novembro, 2004=

=POSSIBILIDADE=

Eu quero que você
ocupe o meu tempo.
Eu quero que você me ocupe.
Não se preocupe.
Eu quero me ocupar de você.
Eu estou buscando a medida,
o limite da ocupação que você me permitirá
Eu quero que você tome o meu tempo
Eu quero me preocupar com você
Eu quero que você me tome inteira
Mas de qualquer maneira
Invento um jeito de me ocupar de você
Eu já não busco a verdade,
busco a possibilidade.
Não sei o que me será permitido
Mas o que vier será aceito, não duvido
=2004=

= BIPOLAR I =





















Às vezes bate
Uma puta necessidade
de encostar a cabeça num ombro e respirar.

Fechar os olhos e respirar
Deixar estar.

Não quero que nada me façam
Não desejo que lutem por mim
Não preciso que resolvam meus problemas

Só quero respirar


Apoiada num ombro
amigo ou inimigo

Respirar.
Deixar estar.

Chama-se isto carência?
Seria isto cansaço?

Às vezes choro
Às vezes mastigo o choro
Muitas vezes finjo que não o vejo.
E sorrio
E ninguém percebe
O coração afogado,
A alma alagada

De toda forma tudo dá em nada
Não há ninguém tão forte quanto eu
Nem tão frágil
Nem tão doce

E esta verdade amarga
Meus dias
Meus projetos
Meus sonhos
Em troca distribuo o sorriso meigo
Aberto, claro, franco, raramente tímido.
E me jogam migalhas de atenção, de afeição
Antes as recolhia, hoje as abstraio.

Dis-tra-i-o-me

Sempre andei na corda-bamba,
Sempre estive por um fio
Sempre olhei a vida do alto,
balançando,
Perigosamente,
Ciente de não haver lá embaixo,
rede de proteção,
Acreditando que em caso de queda,
esta seria para o alto.

E pela primeira vez, estou eu,
em cima do muro.
Quer saber?
O fio pingente é mais confortável que o muro
O acrobata é herói,
o indeciso não...
Eu sequer estou indecisa

Na indecisão me defino...
Eu escolhi o meu lado,
E a escolha sem atitude é vã...

É preciso escolher e se lançar
Voar, corpo no ar, trapézio no olhar
Mãos na direção certa.
Coração contando
Alma cantando
Voar de olhos fixos no trapézio, no pousar...

Lançar-me confiando é a minha atitude de amor...

= Flamengo, 16-11-2004

= BIPOLAR II =


Eu não sei se estou triste,
se estou tímida
se estou eu mesma.
Às vezes, numa das esquinas
da vida tão tumultuada
de um viver complicado,
posso ter esbarrado comigo mesma...
Um encontro casual
onde de repente nos conhecemos
ao tentar olhar os outros
e vemos o que eles têm
e que não somos.
Para onde eles vão
que não queremos
ou não podemos ir.
Um momento de pausa
da sonora gargalhada
que escancarada,
cede espaço ao sorriso.
E o sorriso, franco e aberto
inibe-se deixando o sorriso tímido.
Tanta decisão, precisão e certeza
mostram-me as minhas indecisões,
vacilações e dúvidas.
Eu, tímida e insegura,
só vou em frente
porque não vejo outra alternativa.
Acredito na vida,
principalmente quando ela me diz não.
Para não ceder ao fracasso,
considero-me sobrevivente.
As dores não me fizeram infeliz.
As tristezas não me deixaram amarga.
Mas fica esta tênue linha
entre tristeza e alegria
que é quase uma dor
A sensação de impotência
que é quase um lamento.
Melancolia.
Mas o sorriso insiste!
E durmo na certeza de que haverá um amanhã.
Que hoje foi um grande dia
porque fiz tudo o que sabia
Me conscientizei do que não podia.
E tem sido assim,
um dia depois do outro
ao longo de longos 40 anos...
Já não olho as pessoas pensando
que se eu fosse elas faria diferente.
Sei que todos fazem o melhor
dentro do que sabem e são.
Já não trago nas mãos ferramentas
para demolir ou construir o mundo,
Apenas tento fazer a minha mísera parte.
Não tento defender-me
opinião ou visão equivocada
que de mim fazem,
Não adianta,
Melhor eu mesma ouvir
que saber que outros ouvirão...
Não tento mais convencer do contrário
ou mostrar que em relação a mim
deveria ser diferente.

Certas coisas ou são ou não são.
Não adianta trazê-las enquanto são novidades
Ou enquanto eu estou novidade
Logo caímos numa rotina...

Certas coisas são ou não são.
Amor, sentimos ou não sentimos,
Ama-se ou não.

Não é preciso, odiar.
O ódio não é o avesso do amor
O ódio é um outro sentimento...

Assim, já não sei o que queria
ou gostaria
Apenas vivo o que é.

Talvez esteja como há muito não me via:
Sozinha e esta solidão me faz companhia,
Acompanho-me de mim mesma e fico,
nem só, nem infeliz, apenas tranqüila.

Não é momento de dar o passo,
Não é hora de ir a lugar algum.
É o momento de viver este momento,
Torná-lo-ei, então, sagrado,
Conciso, preciso e silencioso.
Não há reclamações a fazer.
Há que se observar o que sou eu o que é você.
11 de novembro de 2004 =

Abandonar é Tão Difícil quanto dar o Fora...



Tento, tento muito, até o final. Esgoto as possibilidades, esgoto o meu raciocínio, esgoto é claro, a paciência dos amigos.
Mas nunca me arrependi por um final de romance. As mulheres gostam desta dedicação.
Nunca fui abandonada, mas diversamente do que possa parecer, o abandonar é morrer um pouco ou morrer muito de uma morte lenta e dolorosa e pior: sem testemunhas a nosso favor...

Não é mais fácil abandonar que ser abandonado. Dar o fora é difícil e doloroso desde o início quando ainda não sabemos o que devemos fazer, até criarmos a certeza de que a separação é o caminho pode-se passar anos de felicidade-meia-boca ou infelicidade completa ou de uma vida sem nenhum sentido... Verdade, sim, que a decisão rápida vem se turbinada por uma paixão avassaladora (gosto dessa palavra), mas ainda assim há quem espere o fogo da paixão abrandar e nenhuma mudança de vida é gerada por calor de brasa ou a toque de água morna, o banho-maria só leva ao deixa-estar-pra-ver como é que fica!
A falta de felicidade às vezes bateu a minha porta e eu que não sabia como gerenciar a relação sem o sentimento de felicidade passei anos na dúvida do vou-ou-não-vou, pensando: "será-que-é-isso mesmo que tenho que fazer? E tornava-me ainda mais infeliz, por magoar alguém que parecia me amar tanto... Tão bonzinho... Dedicado... Esses bonzinhos que depois de nos livrarmos deles percebemos o quanto são chatos e o quanto eram egoistas e aproveitadores da nossa miopia...
Ás vezes me parece que perco tempo, que ando devagar, que fico devendo à voracidade que as rodas de amigos impõem. Enquanto elas saem com 3, 4 eu ainda com aquela...Enquanto elas se divertem tanto, eu buscando soluções e claro cobrando atitudes, movimento... Mas acho tão legal saber que estou voltando pra casa para encontrar um pessoa que conheço... Embora goste daquelas batidas fortes, aqueles arranques do coração a caminho do encontro com a novidade, aquelazinha que caiu na nossa conversa lá naquela boate obscura, naquela praia preguiçosa, na fila do banco... A aventura me acelera o sangue, dá um gás na fantasia, alucina geral... Mas é muito bom um domingo chuvoso, um filminho qualquer, um café na cama com aqueles ridículos que só a intimidade provoca e só a intimidade pode perdoar...
=maio/2004

12/05/2008

=A IRA DA DEUSA=


Ela bem poderia ter feio diferente
No entanto fez de uma maneira que confundiu.
Ela bem poderia simplesmente
ter dado um sorriso daqueles
que iluminam o meu mundo,
a minha vidinha besta!
No entanto, me confunde
Me enlouquece,
me deixa no chão...
Desde os primórdios, assim agem as deusas
Deusas nasceram para serem satisfeitas
Daí o costume das oferendas, cânticos, odes e sacrifícios
A deusa irada é imprevisível
o seguidor revoltado não tem saída.
Deusas erram e não reconhecem
A humanidade está perdida
Deusas perdoam mas não esquecem.
Talvez seja preciso buscar seu lugar sagrado
e prostrada em beijos, carícias e afagos
Devolver-lhe o que jamais lhe foi tirado
venerar suas curvas, reentrâncias
Seu céu, seu fel, seu mel,
seus doces e amargos
Aqueles dois montes santos
Aquela caverna profana de sacrifícios
Revirar todos os seus cantos
Executar com louvor os meus ofícios
Aplacar a sua insana ira nada divina
Dando-lhe de beber em sua boca profana
Fazendo-lhe crer que é ela quem domina
Saciando-lhe com a energia que de mim emana

Rio, 19/03/2007

11/05/2008

= DE ROSTO, ESPÍRITO E AR =





Um rosto que se mostra
Um espírito que não se retem
Uma alma que não se conhece
A visão material
Sabe do fogo
Pressente o gás
Sabe da fúria
Esquece a paz
Sabe do mar
Prefere o sal
Perde o ar
04/10/2005














= SE... =



Se eu pudesse te bombardear de poesia
Até que aflita, você me pedisse um beijo
E se esse beijo fosse um caminho
para eu chegar à sua alma.
E se essa sua alma fosse ponte
que atravessasse o meu sentimento
até o seu coração...

E se esta ponte fosse uma estrada
que levasse para o infinito tantas dores suas...
E lá, neste infinito,
nunca mais,
seus olhos vissem
quem te faz sofrer.
26/11/2002

= SUTILEZA =


Eu vi.
Seu sorriso se acende
Por alguns segundos eu vi no seu rosto

O prazer de ser desejada.
Coisa certa, na hora errada..
Não! Não bata a porta que a vida te abre.
Não abra a porta que a vida te fecha.
Não tenha por hábito manter portas entreabertas,
Teu coração não tem portas,
Ele tem senhas sutis
25/11/2002

=MISCELÂNIA I e II=


No principio era o verbo,
as amenidades com coca-cola
E tudo era muito bom.
Aí elas disseram:
-"faça-se a noite"!
E apagaram a luz
Os sentidos acordaram
e o juízo dormiu.
Cavalgava, sim!
Égua baia, marchadora...
Quarto-de milha,não!
Pois que não havia trote.
Era galope
Solavanco que bicho de raça não possui.
SRD (sem-raça-definida)
Vira-lata,sim, pangaré jamais!
Nenhum pedigree.
O desejo flui melhor às margens.
O desejo flui melhor entre iguais
longe de controles.
Não havendo o que domar,
há sempre o que buscar
Não sei que face tinha o cavaleiro
diante da empinada
Mas trazia o coração perplexo
A cabeça em total desalinho
A alma atarantada,
levitada,
extasiada
Fazia do coração, sexo.
Buscava sem rota e sem caminho.

Quem lhe guiou foi o querer,
não o desejo...
Cavalgar potranca desconhecida
Mera consequencia de um beijo
De olhos fechados e mãos à deriva
Nua em pelo,
Fecha os olhos pra ver melhor o deconhecido
Boca ofegante, gemido, cabelo

I

Faltou explorar mais
O querer tinha a pressa
de um desejo que não espera.
Ancas, bunda, olhos
Coxas, mãos, abraços
Gata vadia,
mia ronrona cheia de charme
Cachorra, uiva sacode
Cadela vadia se abre
Vaca vagaba se dá.
Eu, atônita recebo,
pego e quero mais!

De onde saiu essa mulher bicho?
Cheia de cio e maneiras sem armadilha
Se oferece e diz vem!
Se dá e diz toma!
Sorri e diz pega!
E, de onde saiu esse encanto
que não se dissipou com a luz do sol?
Que não se retraiu à luz dos problemas
E que aumenta na presença da saudade?

julho, 2006

= ESPELHO =


























E agora que te conheci,
Desconheço todo o restante
A vida se tornou desconforável
longe de você.
E a minha visão ampla
Não enxerga mais a sua presença
longe do meu lado.
E os ouvidos acusticamente envenenados
pelo tom do seu ser, pelo timbre da sua voz.
Por algum mistério mágico
minha paz ficou retida nas letras negras
na superfície metálica
de um bilhete em certo espelho.

julho, 2006

= AFINIDADE =


Sei lá de onde você é
Sei lá se te conheço
Que diferença, pode fazer?
Tantos tão perto
e que jamais me souberam

Tantos tão longe
e que jamais estiveram distantes

Se em tantas letras sempre iguais,
Se as ideias assemelham-se
e sonhos parecem encontrar-se ?
Tontería o contato,
se a química revela-se
entre palavras, ideías e almas.
setembro 2007

= NET =


Saudade de quem nunca vi...
net é uma benção,
O MSN, uma esquina.
Proporciona deliciosos encontros
Estrondosos esbarrões.
Muitas vezes tudo regido por acasos
Se combinado, sujeito a atrasos.
Nos casos de descasos deleto-os!
Diletos,seletos nada de espertos!
Há dias que minha vida é tão boa
que quero contar pra todo mundo
Há dias que estou tão cega
Que preciso esconder-me do mundo
Hoje é só um dia numa conta de 15.695
Que noves fora pode dar tudo!
Rio, 26/02/2007

= CÉU da BOCA =

Havia um cometa a riscar o céu oculto
Côncavo, róseo, escuro.
O vagar do astro iluminava a alma
Sacudia o corpo,
Turbinava a mente.
Aquele misterioso lugar oculto,
jamais visto, nunca notado.
Fagulhas incendeiam o pensamento
Língua nervosa
Boca curiosa
Lábio sedento
Rosto em movimento

= Nº 6 =

É saudade, é vontade é desejo.
De abraço apertado, cabeça no ombro
Face recostada ao peito,
De respirar junto a pele,
Mordiscar o pescoço,
De gemer no ouvido.
De estar grudada boca na boca,
Quando não sei mais qual boca é a minha
Qual lábio é o seu...
É saudade, vontade, desejo.
De ouvir voz rouca oferecendo prazer
De te ver estática, extasiada
Recebendo o prazer
Quando não sei mais
Qual prazer damos, qual prazer recebemos...
Saudade, vontade, desejo.
De provar seu gosto, sentir seu cheiro
Quando sei que o seu gosto me enleva
O seu cheiro me leva
Por caminhos que não mais sei
Se é vontade
Desejo
Ou Saudade
Os caminhos que não sei ou não sabia
De certo conhecia

=O QUE NÃO me SUSTENTA me ALIMENTA=

Os pedaços que fragmentam
não sustentam
mesmo as coisas que não pesam
mesmo as coisas que só se pensam.
Como se fora desejo da nossa mente
ou apenas sonho do nosso coração.

Ainda que pedaços me alimentem
as partes se partem...
Os meus olhos se comprazem
[no todo
ainda que não sustente o corpo
Meus olhos são dois
e não sei se inteiros
mas são a boca da minha alma
28/04/07

= Nº 7=

De verdade não sei quem você é,
Mas estando contigo me desconheço.
Pairam na mente, gesto e sonho
Amor que sei, mereço,
Amor que sei, suponho.
enso que não és minha
in - tei - ra - men - te ...
Pensando assim perco o sossego, a paz
Ao vê-la, o sonho invade a minha mente
Viver, sonhar, não mais...

10/05/2008

* APRENDI *

Aprendi que se pode conhecer bem uma pessoa
pela forma como ela lida com três coisas: um dia chuvoso,
uma bagagem perdida
e os fios das luzes de uma árvore de natal que se embaraçaram. Aprendi que, nao importa o tipo de relacionamento que tenha com seus pais,
você sentirá falta deles quando partirem.
Aprendi que saber ganhar a vida nao é a mesma coisa que saber vive-la.
Aprendi que a vida às vezes nos dá uma segunda chance.
Aprendi que viver nao é só receber, é também dar.
Aprendi que se você procurar a felicidade, vai se iludir.
Mas se focalizar a atenção na família, nos amigos,
nas necessidades dos outros, no trabalho, procurando fazer o melhor,
a felicidade vai encontrá-lo.
Aprendi que sempre que decido algo com o coração aberto, geralmente acerto.
Aprendi que quando sinto dores, nao preciso ser uma dor para outros.
Aprendi que diariamente preciso alcançar e tocar alguém.
As pessoas gostam de um toque humano - segurar na mao, receber um abraço afetuoso
ou simplesmente um tapinha amigável nas costas.
Aprendi que ainda tenho muito que aprender.
As pessoas se esquecerão do que você disse...
Esquecerão o que você fez...
Mas nunca esquecerão de como você as tratou.

06/05/2008

O GUARDIÃO do CASTELO

Certo dia em um mosteiro zen-budista, com a morte do guardião, o grande Mestre convocou todos os discípulos para escolher quem seria o novo sentinela.

O mestre, com muita tranqüilidade, falou:
- Assumirá o posto o primeiro monge que resolver o problema que vou apresentar.

Então, ele colocou uma mesinha magnífica no centro da enorme salaem que estavam reunidos e, em cima dela, pôs um vaso de porcelana muito raro, com uma rosa amarela de extraordinária beleza a enfeitá-lo e disse apenas:
- Aqui está o problema.

Todos ficaram olhando a cena: o vaso belíssimo, de valor inestimável, com a maravilhosa flor ao centro. O que representaria?! O que fazer?!Qual o enigma?!
Nesse instante, um dos discípulos sacou a espada, olhou o Mestre, os companheiros, dirigiu-se ao centro da sala e... ZAPT ...destruiu tudo, com um só golpe.
Tão logo o discípulo retornou a seu lugar, o Mestre disse:
- Você será o novo Guardião do Castelo.

Moral da História:
Não importa qual o problema. Nem que seja algo lindíssimo. Se for um problema, precisa ser eliminado.

Um problema é um problema. Mesmo que se trate de uma mulher sensacional, um homem maravilhoso ou um amor que se acabou.

Por mais lindo que seja ou tenha sido,se não existir mais sentido para ele em sua vida, tem que ser suprimido.

Muitas pessoas carregam a vida inteira, o peso de coisas que foram importantes no passado, mas que hoje ocupam espaço em seus corações e mentes. Espaço esse indispensável para recriar a vida.

Existe um provérbio oriental que diz:
-Para você beber vinho numa taça cheia de chá é necessário primeiro jogar o chá fora, para então, beber o vinho.

Limpe a sua vida, comece pelas gavetas,armários, até chegar às pessoas do passado que não fazem mais sentido estarocupando espaço em seu coração.

O passado serve como lição, como experiência, como referência.
Serve para ser relembrado e não revivido.
Use as experiências do passado no presente, para construir o seu futuro.
Necessariamente nessa ordem!
Seja feliz!